A Hidrografia brasileira está marcada por rios caudalosos e de grande extensão.
Bacias Hidrográficas são regiões geográficas formadas
por rios que deságuam num curso principal de água. Os rios possuem
aproveitamento econômico diversificado, irrigando terras agrícolas,
abastecendo reservatórios de água urbanos, fornecendo alimentos e
produzindo energia elétrica.
Os rios geralmente
têm origem em regiões não muito elevadas, com exceção do rio Amazonas e
alguns de seus afluentes que nascem na cordilheira dos Andes.
O Brasil possui a rede hidrográfica mais
extensa do Globo, com 55.457km2. Muitos de seus rios destacam-se pela
profundidade, largura e extensão, o que constitui um importante recurso
natural. Em decorrência da natureza do relevo, predominam os rios de
planalto. A energia hidráulica é a fonte primária de geração de
eletricidade mais importante do Brasil.
A
densidade de rios de uma bacia está relacionada ao clima da região. Na
Amazônia, que apresenta altos índices pluviométricos, existem muitos
rios perenes e caudalosos. Em áreas de clima árido ou semi-árido, os
rios secam no período em que não chove.
As bacias
brasileiras são divididas em dois tipos: Bacia de Planície, utilizada
para navegação, e Bacia Planáltica, que permite aproveitamento
hidrelétrico.
A Hidrografia brasileira apresenta os seguintes aspectos:
- Não
possui lagos tectônicos, devido à transformação das depressões em
bacias sedimentares. No território brasileiro só existem lagos de várzea
e lagoas costeiras, como a dos Patos (RS) e a Rodrigo de Freitas (RJ),
formadas por restingas.
- Com exceção do Amazonas,
todos os rios brasileiros possuem regime fluvial. Uma quantidade de água
do rio Amazonas é proveniente do derretimento de neve da cordilheira
dos Andes, o que caracteriza um regime misto (pluvial e nival).
- Todos os rios são exorréicos, ou seja, têm como destino final o oceano.
- Só existem rios temporários no Sertão nordestino, que apresenta clima semi-árido. No restante do país, os rios são perenes.
- Os
rios de planalto predominam em áreas de elevado índice pluviométrico. A
existência de desníveis no terreno e o grande volume de água contribuem
para a produção de hidreletricidade.
BACIAS HIDROGRÁFICAS BRASILEIRAS
As
principais bacias hidrográficas brasileiras são: Bacia Amazônica, Bacia
do Araguaia/Tocantins, Bacia Platina, Bacia do São Francisco e Bacia do
Atlântico Sul.
Bacia amazônica
É a maior bacia hidrográfica do planeta, com cerca de
7.000.000 km2, dos quais aproximadamente 4.000.000 km2 estão situados
em território brasileiro, e o restante distribuído por oito países
sul-americanos: Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia,
Peru, Equador, Bolívia.
Tem a sua vertente delimitada pelos
divisores de água da cordilheira dos Andes, pelo Planalto das Guianas e
pelo Planalto Central.
Seu principal rio nasce no
Peru, com o nome de Vilcanota, e depois recebe as denominações de
Ucaiali, Urubamba e Marañon. Ao entrar no Brasil, passa a se chamar
Solimões, até o encontro com o Rio Negro, passando a ser chamado a
partir daí de Rio Amazonas.
É o rio mais extenso do planeta, com 6.868 km de comprimento, e
de maior volume de água, com drenagem superior a 5,8 milhões de km2.
Sua
largura média é de 5 km, chegando a mais de 50 km em alguns trechos.
Possui cerca de 7 mil afluentes. Possui ainda, grande número de cursos
de águas menores e canais fluviais criados pelos processos de cheia e
vazante.
A maioria de seus afluentes nasce nos escudos dos
Planaltos das Guianas e Brasileiro na Venezuela, Colômbia, Peru e
Bolívia. Possui o maior potencial hidrelétrico do país, mas a baixa
declividade do seu terreno dificulta a instalação de Usinas
Hidrelétricas.
Na época das cheias, ocorre o fenômeno conhecido como "Pororoca",
provocado pelo encontro de suas águas com o mar. Enormes ondas se
formam, invadindo o continente.
Localizada
numa região de planície, a Bacia Amazônica possui cerca de 23 mil km de
rios navegáveis, possibilitando o desenvolvimento do transporte
hidroviário. O Rio Amazonas é totalmente navegável.
A Bacia Amazônica abrange os estados do Amazonas, Pará, Amapá, Acre, Roraima, Rondônia e Mato Grosso.
O
Rio Amazonas é atravessado pela linha do Equador, portanto possui
afluentes nos dois hemisférios. Os principais afluentes da margem
esquerda são o Japurá, o Negro e o Trombetas e da margem direita o
Juruá, o Purus, o Madeira, o Xingu e o Tapajós.
Bacia do Tocantins-Araguaia
É a maior bacia localizada inteiramente em terras brasileiras. Dentre os principais afluentes da
bacia Tocantins-Araguaia, estão os rios do Sono, Palma e Melo Alves,
todos situados na margem direita do rio Araguaia.
Seu
rio principal, o Tocantins nasce na confluência dos rios Maranhão e
Paraná, em Goiás, percorrendo 2.640 km até desembocar na foz do
Amazonas.
Durante o período de cheias, seu trecho navegável é de
1.900 km, entre as cidades de Belém (PA) e Peixe (GO). Em seu curso
inferior situa-se a Hidrelétrica de Tucuruí, a segunda maior do país,
que abastece os projetos de mineração da Serra do Carajás e da Albrás.
O
rio Araguaia nasce na serra das Araras, no Mato Grosso, na fronteira
com Goiás. Tem cerca de 2.600 km de extensão. Desemboca no rio Tocantins
em São João do Araguaia, logo antes de Marabá.
No extremo
Nordeste de Mato Grosso, o rio divide-se em dois braços, pela margem
esquerda o rio Araguaia e pela margem direita o rio Javaés, por
aproximadamente 320 km, formando a ilha de Bananal, maior ilha fluvial
do mundo.
O rio é navegável por cerca de 1.100 km, entre São João
do Araguaia e Beleza, porém, não possui nenhum centro urbano de
destaque ao longo desse trecho.
O regime
hidrológico da bacia é bem definido. No Tocantins, a época de cheia
estende-se de outubro a abril, com pico em fevereiro, no curso superior,
e março, nos cursos médio e inferior.
No Araguaia, as cheias
são maiores e um mês atrasadas em decorrência do extravasamento da
planície do Bananal. Os dois rios secam entre maio e setembro, com picos
de seca em setembro.
A construção da hidrovia
Araguaia-Tocantins tem sido questionado por ONGs que criticam os
impactos ambientais que poderão ser causados. Por exemplo, a hidrovia
cortaria 10 áreas de conservação ambiental e 35 áreas indígenas,
afetando cerca de 10 mil índios.
Bacia do São Francisco
Divide-se em quatro regiões: Alto São Francisco, das
nascentes até Pirapora-MG; Médio São Francisco, entre Pirapora e Remanso
– BA; Submédio São Francisco, de Remanso até a Cachoeira de Paulo
Afonso, e, Baixo São Francisco, de Paulo Afonso até a foz no oceano
Atlântico.
Possui área de aproximadamente 645.000
km2 e é responsável pela drenagem de 7,5% do território nacional. É a
terceira bacia hidrográfica do Brasil, ocupando 8% do território
nacional. É a segunda maior bacia localizada inteiramente em território
nacional.
A bacia encontra-se no estados da Bahia, Minas Gerais,
Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Goiás e no Distrito Federal. Situa-se
quase inteiramente em áreas de planalto.
O rio São
Francisco nasce em Minas Gerais, na serra da Canastra e atravessa o
sertão semi-árido mineiro e baiano, o que possibilita a sobrevivência da
população ribeirinha de baixa renda, a irrigação de pequenas
propriedades e a criação de gado. Possui grande aproveitamento
hidrelétrico, abastecendo não só a região Nordeste, como também parte da
região Sudeste.
Até a sua foz, na divisa dos estados de Alagoas e Sergipe, o
São Francisco percorre 3.160 km. Seus principais afluentes são os rios
Paracatu, Carinhanha e Grande na margem esquerda e os rios Salitre, das
Velhas e Verde Grande na margem direita.
Embora atravesse um
longo trecho em clima semi-árido, é um rio perene e navegável por cerca
de 1.800 km, desde Pirapora (MG) até a cachoeira de Paulo Afonso.
Apresenta
fortes quedas em alguns trechos, e tem seu potencial hidrelétrico
aproveitado através das Usinas de Paulo Afonso, Sobradinho, Três Marias e
Moxotó, entre outras. O rio São Francisco liga as duas regiões mais
populosas e de mais antigo povoamento: Sudeste e Nordeste.
Bacia Platina
É constituída pelas sub-bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai.
É
a segunda maior bacia hidrográfica do planeta, com 1.397.905 km2. Se
estende por Brasil, Uruguai, Bolívia, Paraguai e Argentina. Possui cerca
de 60,9% das hidrelétricas em operação ou construção do Brasil.
O
rio da Prata se origina do encontro dos três principais rios desta
bacia: Paraná, Paraguai e Uruguai. Eles se encontram na fronteira entre a
Argentina e o Uruguai.
A bacia do Paraná possui localização geográfica privilegiada, situada na parte central do Planalto Meridional brasileiro.
O
rio Paraná possui cerca de 4.900 km de extensão e é o segundo em
extensão na América. É formado pela junção dos rios Grande e Parnaíba.
Apresenta o maior aproveitamento hidrelétrico do Brasil, abrigando a
Usina de Itaipu, entre outras. Os afluentes do Paraná, como o Tietê e o
Paranapanema, também apresentam grande potencial hidrelétrico. Sua
navegabilidade e a de seus afluentes vem sendo aumentada pela construção
da hidrovia Tietê-Paraná.
A hidrovia serve para o transporte de
cargas, pessoas e veículos, tornando-se uma importante ligação com os
países do Mercosul. São 2.400 km de percurso navegável ligando as
localidades de Anhembi e Foz do Iguaçu. Em função de suas diversas
quedas, o rio Paraná possui navegação de porte até a cidade argentina de
Rosário. O rio Paraná é o quarto do mundo em drenagem, drenando todo o
centro-sul da América do Sul, desde as encostas dos Andes até a Serra do
Mar.
A bacia do Paraguai é típica de planície e
sua área é de 345.000 km2. Atravessa a Planície do Pantanal e é muito
utilizada na navegação.
O rio Paraguai possui
cerca de 2.550 km de extensão ao longo dos territórios brasileiro e
paraguaio. Tem sua origem na serra de Araporé, a 100 km de Cuiabá (MT).
Seus principais afluentes são os rios Miranda, Taquari, Apa e São
Lourenço. Antes de se juntar ao rio Paraná para formarem o rio da Prata,
o rio Paraguai banha o Paraguai e a Argentina. O rio Paraguai drena
áreas de importância, como o Pantanal mato-grossense.
A bacia do Uruguai tem um trecho planáltico, com potencial hidrelétrico, e outro de planície, entre São Borja e Uruguaiana (RS).
O
rio Uruguai nasce pela fusão dos rios Canoas (SC) e Pelotas (RS),
servindo de divisa entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina, Brasil e
Argentina, e mais ao sul, entre Uruguai e Argentina. Possui uma extensão
de aproximadamente 1.500 km e deságua no Estuário do Prata.
Seu
curso superior é planáltico e possui expressivo potencial hidrelétrico.
Os cursos médio e inferior são de planície e oferecem condições
favoráveis para a navegação. É navegável desde sua foz até a cidade de
Salto. Fazem parte de sua bacia os rios Peixe, Chapecó, Peperiguaçu,
Ibicuí, Turvo, Ijuí e Piratini.
O aproveitamento
econômico da bacia do Uruguai é pouco expressivo quer seja em termos de
navegação, quer seja em termos de produção hidrelétrica.
Bacias do Atlântico Sul
O Brasil possui ao
longo de seu litoral três conjuntos de bacias secundárias denominadas
bacias do Atlântico Sul, divididas em três trechos: Norte-Nordeste,
Leste e Sudeste. Estes trechos não possuem ligação entre si, foram
agrupados por possuírem rios que correm próximo ao litoral e deságuam no
Oceano Atlântico.
Seus principais rios são:
1. Oiapoque
2. Gurupi
3. Parnaíba
4. Jequitinhonha
5. Doce
O
trecho Norte-Nordeste é formado por rios perenes que correm ao norte da
bacia Amazônica e entre as fozes dos rios Tocantins e São Francisco.
Entre seus rios, destacam-se: Acaraú, Jaguaribe, Piranhas, Potengi,
Capibaribe, Una, Pajeú, Turiaçu, Pindaré, Grajaú, Itapecuru; Mearim e
Parnaíba. São cinco braços principais, cobrindo uma área de 2.700 km2.
O
principal rio é o Parnaíba, com 970 km de extensão. Sua foz, localizada
entre Piauí e Maranhão, forma o único Delta Oceânico da América. O rio
Parnaíba é também uma importante hidrovia utilizada no transporte dos
produtos agrícolas da região.
O trecho Leste é formado pelas bacias dos rios que
correm entre a foz do São Francisco e a divisa entre os estados do Rio
de Janeiro e São Paulo. Seus rios de maior destaque são: Pardo,
Jequitinhonha, Paraíba do Sul, Vaza-Barris, Itapicuru, das Contas e
Paraguaçu.
Seu rio mais importante é o Paraíba do
Sul, localizado entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas
Gerais. Possui, ao longo de seu curso, grande aproveitamento
hidrelétrico, bem como indústrias importantes como a Companhia
Siderúrgica Nacional.
O trecho Sudeste é formado
pelas bacias dos rios que estão ao sul da divisa dos estados do Rio de
Janeiro e de São Paulo. Entre eles, destacam-se: Jacuí, Itajaí e Ribeira
do Iguape. Eles possuem importância regional pela participação em
atividades como transporte hidroviário, abastecimento de água e geração
de energia elétrica.
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