terça-feira, 26 de junho de 2018

Geografia do Amapá - Campos de Várzea

Os campos de várzea correspondem aos campos inundáveis da região, que são ambientes diretamente ligados às áreas deprimidas da Planície Quaternária. Sua ecologia é destacada pelos regimes de inundações periódicas que decorrem da acumulação e represamento de águas pluviais, efeitos das altas marés e dos impedimentos de drenagem do solo os quais funcionam como barreiras naturais à vazão e à permeabilidade desses campos.

REBIO Lago Piratuba
Sua representatividade no Estado é de 16.065,35 Km2, estendendo-se desde o cabo Orange, no Oiapoque, até a foz do rio Jari, no extremo sul. Os principais limites naturais ocorrem principalmente com os cerrados e formas florestais de transição, interiormente, e com os manguezais e florestas de várzea, exteriormente, correspondendo aos trechos litorâneo e amazônico, respectivamente.
A abrangência dos campos de várzea também inclui os ambientes lacustres pela estreita relação natural entre os dois ambientes e pelas reais dificuldades de separá-los na presente escala de representação.
De acordo com a estrutura desses campos, é possível separá-los em duas formas básicas: o campo de várzea graminóide e o arbustivo. No primeiro caso, trata-se de áreas em estágios iniciais de sucessão, caracteristicamente herbáceos, com predomínio de espécies graminóides (gramíneas, ciperáceas, xiridáceas). Os campos de várzea arbustivos são formas mais evoluídas, caracterizadas pela presença de formas lenhosas e herbáceas em proporções variáveis.

Condição Potencial
O aproveitamento desses ambientes dá-se somente pela pecuária extensiva e pesca artesanal. Por outro lado, ao refletir sobre sua extensão territorial e condições naturais particulares (envolvendo grandes coleções de águas, fauna aquática altamente diversificada e paisagens de grande beleza cênica), julga-se que exista um subaproveitamento de suas vocações e diversidade naturais.
Em particular, sua flora destaca a seguinte condição:
· Macrófitas aquáticas: terminologia de larga acepção. Para este trabalho, representa o conjunto de plantas herbáceas que colonizam os ambientes aquáticos. Nesse sentido, sua condição potencial não deve ser vista somente enquanto pastagem natural da pecuária bubalina. A rigor, deve ser considerada no âmbito de sua ambientação, a partir da qual é possível vê-la ligada a usos diversificados, incluindo sistemas de criatórios aquáticos em regimes de semi-confinamentos.

Fonte: 

MACRODIAGNÓSTICO DO ESTADO DO AMAPÁ
PRIMEIRA APROXIMAÇÃO DO ZEE

COORDENADOR: Benedito Vitor Rabelo

AUTORES: Adalberto do Carmo Pinto, Alandy Patrícia do S. Cavalcante Simas, Antonio Tebaldi Tardin, Aristóteles Viana Fernandes, Benedito Vitor Rabelo, César Bernardo de Souza, Elenilza Maria P. Bentes Monteiro, Francinete da Silva Facundes, José Elias de Souza Ávila, Josiane S. Aguiar de Souza, Luiz Alberto Costa Guedes, Otizete A. de Alencar da Penha, Rosa Maria de Sousa Melo e Valdeci Marques Gibson

NORMALIZAÇÃO: Adelina do S. S. Belém

REVISÃO (VERSÃO EM PDF): Adalberto do C. Pinto/IEPA (Texto, Quadro e Figuras), Jamile da C. da Silva/IEPA (Referências) e Andréa Liliane P. da Silva/EMBRAPA-AP (Referências)

INSTITUIÇÕES COLABORADORAS: EMBRAPA/AP, IBGE/DIPEQ/AP, INPE e UFRJ/LAGET

CONTRIBUIÇÃO: Socorro de Jesus C. de Oliveira, Ulene C. da Silva

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA: Amapaz Projetos Sustentáveis LTDA

Geografia do Amapá - Cerrado

O cerrado é um ambiente regulado por condições naturais particulares, dentre as quais destacam-se os gradientes climático e pedológico.
No caso particular dos cerrados do Amapá, embora conservem algumas similaridades com os cerrados do planalto central, apresentam características particulares, atribuídas à sua própria história evolutiva no âmbito dos regimes amazônicos. De fato, no conjunto de suas particularidades, algumas são facilmente reconhecíveis, como é o caso de seus padrões florísticos e gradientes físico-químicos do solo. 

Cerrado Parque
Sua identidade fisionômica é dada pela vegetação que se apresenta na forma campestre, marcada por uma flora lenhosa dispersa, com profundas adaptações fisiológicas e morfológicas às condições limitantes do meio físico e às formas de manejos inadequados, via de regra através de queimadas sazonais.
Do ponto de vista fisionômico, é possível definir duas tipologias básicas para esse ambiente: 
· Cerrado arbóreo-arbustivo: tipo florístico marcado pela presença de um estrato lenhoso pouco diversificado e muito sensível a diferenciações locais do meio. Seus representantes arbóreos mais importantes situam-se em torno de 7 a 12 metros de altura e os mais freqüentes são: bate-caixa (Salvertia convalaeodora), sucuúba (Himathanthus articulata) e caimbé (Curatella americana). Outros representantes com portes entre 2 e 7 metros são mais freqüentes e envolvem uma diversidade maior de espécies;
· Cerrado parque: tipo florístico caracterizado pelo domínio do estrato herbáceo com presença de elementos lenhosos dispersos, sem nenhuma relação definida de distância entre si.
O cerrado parque é mais freqüente em áreas de relevo ondulado, ou mesmo em áreas aplainadas ou abaciadas. Neste caso, o excesso de
umidade durante o período chuvoso deve constituir limites ao desenvolvimento de suas espécies lenhosas.

Condição Potencial
O desconhecimento da importância florística do cerrado é um fato. Acontecimentos mais recentes no campo da ecologia brasileira e em particular na amazônica, vêm demonstrando a relevância desse bioma, inclusive para a manutenção da integridade funcional da floresta densa contígua.


Outros acontecimentos dão conta do valor dessa flora como base genética de largo espectro no campo de biotecnologia. De modo mais concreto, ressalta-se que algumas espécies dessa flora vêm sendo quimicamente estudadas em instituições nacionais, apresentando resultados promissores para a quimioterapia humana.
A par disso, acrescenta-se outras espécies e condição particular que podem ser consideradas como potencial da flora desse ecossistema:
· Mangaba (Hanchornia speciosa): frutífera comestível de larga distribuição no cerrado. Todavia, pelo uso extensivo desse ambiente, suas populações encontram-se cada vez mais reduzidas; 
· Barbatimão (Ouratea hexasperma): arbusto ou pequena árvore largamente utilizada na medicina popular. Espécie de alta freqüência no cerrado arbóreo/arbustivo;
· Sucuúba (Himathanthus articulata): árvore largamente utilizada na medicina popular, é encontrada com freqüência no cerrado arbóreo/arbustivo;
· Estrato herbáceo/graminoso: componente típico do cerrado, faz-se presente em ambas as formas florísticas. No cerrado parque, esse componente se apresenta mais adensado e, em geral, aproveitado como pastagem natural.

Fonte: 

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AUTORES: Adalberto do Carmo Pinto, Alandy Patrícia do S. Cavalcante Simas, Antonio Tebaldi Tardin, Aristóteles Viana Fernandes, Benedito Vitor Rabelo, César Bernardo de Souza, Elenilza Maria P. Bentes Monteiro, Francinete da Silva Facundes, José Elias de Souza Ávila, Josiane S. Aguiar de Souza, Luiz Alberto Costa Guedes, Otizete A. de Alencar da Penha, Rosa Maria de Sousa Melo e Valdeci Marques Gibson

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Geografia do Amapá - Floresta de Transição

A floresta de transição constitui um tipo vegetacional ligado a condições ecológicas particulares, o que lhes atribui características próprias, dependentes dos estágios sucessórios de seus componentes e do conjunto de influências de seus ambientes limítrofes. Dado isso, é possível observar-se formas diferenciadas de floresta de transição que podem expressar parte da diversidade dos ambientes envolvidos, ou mesmo ater-se à diversidade de apenas um desses ambientes.

Floresta de Transição entre Cerrado e Terra Firme
Sua maior área de distribuição corresponde aos limites, com extensões variáveis, entre a floresta densa de terra firme e o cerrado.
Nessas condições, a floresta de transição ostenta uma estrutura de alto porte e bem desenvolvida. Outras áreas florestais de transição ocorrem entre os ambientes inundáveis e o cerrado, mas em menores proporções.

Fonte: 

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Geografia do Amapá - Floresta Densa de Terra Firme

A floresta densa de terra firme é o tipo de vegetação mais representativo da região, cuja área de distribuição corresponde a uma superfície aproximada de 103.081,58km2 ou o equivalente a mais de 2/3 de todo o território estadual. Sua conformação florística está ligada a episódios morfogenéticos diferenciados que, em alguns casos, chegam a determinar profundas alterações na estrutura e fisionomia dessa vegetação. As tipologias, floresta densa de baixos platôs e sub-montana, são individualizações fitoecológicas decorrentes desses fenômenos. Dentre as características da floresta densa de terra firme, destacam-se: máxima diversidade por unidade de área, estrutura de alto porte, estratificações diferenciadas segundo tipologias locais e freqüentes níveis de especialização, incluindo formas de dominância, endemismos, raridades e gregarismos de muitas espécies. 

PARNA do Tumucumaque
Em geral, as maiores considerações sobre esse tipo de floresta são atribuídas às suas espécies emergentes, à freqüência de essências madeireiras e aos diâmetros avantajados dos troncos. Todavia, a importância desse ecossistema dá-se também pelo conjunto de outras variáveis, dentre as quais ressalta-se a freqüência de essências oleaginosas, resiníferas, aromáticas, medicinais, produtoras de frutos comestíveis, etc.
Considerando a freqüência, diversidade e importância econômica das espécies dessa vegetação, dentre os grupos de árvores mais importantes, destacam-se os angelins, acapu e sucupira (Leguminosas), castanha-do-brasil, sapucaias e matamatás (Lecythidaceae), breus (Burseraceae), louros (Lauraceae), maçaranduba, maparajuba e abiuranas (Sapotaceae).

Condição Potencial
A floresta densa de terra firme sempre é considerada uma referência quando se discute a biodiversidade amazônica. Todavia, é claramente reconhecida a insuficiência de informações a respeito, incluindo a própria diversidade florística e o aproveitamento adequado de seus estoques naturais.

Para o Estado do Amapá, o histórico do aproveitamento desse tipo de floresta se traduz na exploração seletiva de madeira, práticas de agricultura itinerante, mais recentemente formação de pastagem e atividades extrativistas de algumas espécies, com destaque para a castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa). Assim sendo, sem desconsiderar o potencial madeirável desse ambiente, os exemplos seguintes são destacados pela relevância de seus estoques naturais:
· Castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa): árvore de grande porte, distribuída na forma de populações concentradas, principalmente no sul do Estado. Seus frutos comestíveis e oleaginosos constituem uma das principais bases do extrativismo regional;
· Copaíba (Copaifera cf. reticulata): árvore de grande porte, oleaginosa medicinal, de larga distribuição em todo o Estado. Ao sul, existem populações adensadas o que, particularmente, pode ser tomado como uma referência potencial para a espécie;
· Cipó-titica (Heteropsis sp.): epífita de raízes pendentes e fibrosas. O cipó-titica é a principal matéria prima do artesanato fibroso da região. A propósito de sua distribuição, tem-se conhecimento de que algumas áreas dispõem de grandes populações, entretanto pouco se sabe, com exatidão, dos detalhes sobre a ecologia da espécie.

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Geografia do Amapá - Floresta de Várzea

A floresta de várzea constitui o segundo maior ambiente florestado da região, considerando estrutura, diversidade e representatividade espacial.

Floresta de Várzea
Sua área de abrangência e maior concentração ocorrem principalmente em margens de rios de água barrenta onde, de certo modo, passa a ser regulada pelos regimes de marés. Na medida em que se avalia o comportamento desse ambiente, a partir das áreas estuarinas para o interior do continente, observa-se profunda redução florística possivelmente ligada às alterações físico-químicas das águas desses rios.
As maiores florestas de várzea do Estado ocorrem ao longo da orla amazônica, adentrando pelos estuários e baixos cursos dos inúmeros rios que aí deságuam. Nesse trecho, seus limites estendem-se do rio Jari até o arquipélago do Bailique, a partir do qual a salinidade passa a funcionar como fator de seleção e conseqüente causa do aparecimento de espécies do manguezal.
Na linha de costa, a floresta de várzea é substituída pelos manguezais. No interior da planície inundável encontram-se formações de florestas de várzea com estrutura e diversidade diminuída em relação às formas ribeirinhas.
Fala-se então em floresta aberta de várzea, em oposição a outra que passa a constituir a forma Floresta Densa de Várzea.

Condição Potencial
As condições potenciais da floresta de várzea estão ligadas à sua riqueza em essências econômicas, o que de certo modo tem envolvido grandes equívocos de exploração, com reflexos comprometedores no empobrecimento de estoques naturais e na própria relação de vida das populações ribeirinhas.

Afora a riqueza em essências madeiráveis, a floresta de várzea também se destaca pela freqüência de outras espécies econômicas, dentre as quais, destacam-se:
· Açaí (Euterpe oleracea): palmeira cespitosa, produtora de frutos comestíveis e de palmito comercializável. Constitui uma das espécies mais representativas desse ambiente, podendo apresentar-se na forma dispersa ou em populações adensadas;
· Buriti (Mauritia flexuosa): palmeira produtora de frutos comestíveis e oleaginosos, pouco aproveitáveis na região. À semelhança da espécie anterior, forma populações adensadas, tanto na floresta ribeirinha quanto no interior de ambientes inundáveis. O aumento das populações dessa espécie na floresta de várzea, ao que tudo indica, está ligado ao manejo inadequado desse ambiente;
· Murumuru (Astrocaryum murumuru): palmeira frutífera oleaginosa não aproveitada na região. Possui alta freqüência nas várzeas ribeirinhas;
· Ucuúba ou Virola (Virola surinamensis): árvore de grande porte, frutífera oleaginosa. Espécie freqüente nas várzeas ribeirinhas e em locais interiores inundáveis, na forma de pequenas populações. O manejo ostensivo e indiscriminado da espécie, para fins madeireiros, tem causado grandes impactos em seus estoques comerciais;
· Pracaxi (Pentachleta macroloba): árvore mediana, frutífera oleaginosa. Freqüente nas várzeas estuarinas e ao longo dos médios cursos de rios;
· Andiroba (Carapa guianensis): árvore de grande porte, freqüente nas várzeas ribeirinhas. Seus frutos oleaginosos têm largo aproveitamento na região. Dada a ostensiva exploração madeireira da espécie, tem-se uma acelerada diminuição de seus estoques, principalmente comerciais;
· Seringueira (Hevea guianensis): essência laticífera. Espécie típica da floresta de várzea, podendo encontrar-se dispersa no ambiente ou em populações adensadas;
· Ubuçu (Manicaria saccifera): palmeira produtora de folhagem usada em coberturas de casas. Em geral, a distribuição da espécie dá-se na forma de populações adensadas, em várzeas pouco inundáveis;
· Arumã (Ischnosiphom aruma): arbusto de pequeno porte, produtor de fibra, encontrado em várzea, pouco inundável, sob a forma adensada.

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Geografia do Amapá - Manguezais

Os manguezais são ecossistemas muito especializados estritamente ligados à condição litorânea. No litoral amapaense, é representado por franjas contínuas, variáveis em largura que em alguns locais chegam a adentrar o continente na condição de manguezais ribeirinhos (ripícolas).
A vegetação corresponde a uma floresta de médio porte, sendo seus representantes mais expressivos: o mangue-vermelho (Rhizophora mangle spp.), a siriúba (Avicennia germinans) e a tinteira (Laguncularia racemosa).

Manguezal
As particularidades hidrodinâmicas que envolvem os manguezais do Amapá, decorrentes de influências amazônicas, impuseram profundas diferenciações a esse ecossistema, manifestadas na exteriorização de padrões estruturais e funcionais, absolutamente diversos de outras regiões litorâneas do país. De fato, a singularidade dos manguezais desta região envolve grandes extensões para o interior do continente, padrão florístico absolutamente florestal, dominância de tipologias florísticas e parâmetros funcionais, nada comparáveis com outros manguezais não submetidos a esse gradiente amazônico.
Caracteristicamente, o siriubal (área de concentração da siriúba) constitui o tipo dominante dos manguezais amapaenses, preferencialmente distribuído ao longo da linha de costa. O mangal (área de concentração do mangue-vermelho) é menos representativo e, em geral, está ligado às áreas estuarinas e às bordas interiores das franjas litorâneas, associadas às águas pluviais.

Condição Potencial
A condição potencial dos manguezais está ligada a conceitos muito amplos de produtividade natural, envolvendo complexas cadeias que se refletem diretamente na base produtiva do ecossistema e no enriquecimento das águas estuarinas.



Sua fauna envolve formas residentes e temporárias, destacando-se, nesta última, o estágio larval de muitos organismos marinhos que lá encontram as melhores condições de alimentação e desenvolvimento.
Dentre a fauna residente, o caranguejo (Ucides spp.), pelos estoques naturais disponíveis, pode ser tomado como um indicador potencial se for acompanhado de medidas que incluam formas de manejos adequados e a agregação de valores aos sistemas de comercialização.
Vale ressaltar, que apesar da expressividade dos manguezais deste estado – possivelmente uma das maiores do país – sua concentração natural de caranguejo comestível está restrita somente aos mangais os quais, por sua vez, não são os mais representativos em termos de área.

Fonte:

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Geografia do Amapá - Domínios Florísticos

Em sentido amplo, a diversificação de ambientes naturais do Amapá corresponde à própria diversidade de seus domínios florísticos, que incluem tipologias tipicamente amazônicas e tipologias extra-hileianas, todas com grande expressão em abrangência territorial. De modo simplificado, pode-se agrupá-los em duas grandes categorias fitofisionômicas: 
1) das formas florestadas;
2) das formas não florestadas ou campestres.



Da primeira categoria fazem parte os manguezais, ao longo da orla litorânea; florestas de várzea, diretamente ligadas aos ambientes ribeirinhos; florestas de terra firme com a maior representação no Estado e florestas de transição em áreas de tensão ecológica. A segunda categoria inclui os cerrados e os campos inundáveis ou de várzea em áreas deprimidas da planície aluvial.



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sábado, 9 de junho de 2018

Geografia do Amapá - Domínios Pedológicos (solos)

O conhecimento detalhado dos solos dessa região constitui uma condição ainda distante, pois necessita de altos investimentos e grandes esforços para a transposição das dificuldades práticas, principalmente quanto ao difícil acesso que grande parte da área centro-oeste apresenta.
Em que pese isso, a partir dos resultados exploratórios disponíveis, pode-se afirmar que os grandes grupos de solo da região guardam estreita relação com ambientes naturais distintos, constituindo padrões associativos entre componentes físicos e bióticos da região.
Na análise, foram considerados cinco grupamentos que incluíram: Latossolos, Podzólicos, Concrecionários Lateríticos, Litossolos e Hidromórficos.



1. Grupo Latossólico
Constitui o grupo de maior expressão territorial da região, compreendendo os Latossolo Vermelho Amarelo (LV) e Latossolo Amarelo (LA).
O Latossolo Vermelho Amarelo (LV) ocorre em ambientes de floresta densa de terra firme. Deriva predominantemente de rochas cristalinas do Pré-Cambriano e, em menor proporção, de sedimentos do Terciário. O Latossolo Vermelho Amarelo está ligado a variações amplas do relevo mas com ocorrência predominante na classe ondulada, embora esteja presente até  em regiões montanhosas.
O Latossolo Amarelo (LA) constitui o solo predominante do domínio savanítico e das faixas de contato cerrado/floresta. Ao sul da região, esse tipo de solo está ligado ao domínio de floresta densa em gradientes de relevos envolvendo desde o plano ondulado até o forte ondulado. Particularmente no cerrado, o Latossolo Amarelo está ligado a relevos que variam de suave ondulado a ondulado.

2.Grupo Podzólico
À semelhança dos Latossolos, também são originários da decomposição de rochas do Pré-Cambriano e de sedimentos do Terciário.
Sua distribuição está ligada principalmente às áreas de floresta densa, em relevo variável de ondulado a fortemente ondulado. No cerrado sua distribuição é pouco representativa. 
Os Podzólicos, juntamente com os Latossolos, são solos minerais, geralmente de propriedades físicas favoráveis ao uso agrícola, ou seja, profundos, porosos, bem drenados mas de boa capacidade de retenção de umidade. O nível de fertilidade natural geralmente é baixo e o nível de acidez e teor de alumínio trocável elevados.

3. Grupo Concrecionário Laterítico
São solos originários de sedimentos argilosos e argilo-arenosos do Terciário. Ocorrem em áreas de cerrado em domínios de relevos suave ondulado e ondulado. São medianamente profundos e apresentam concreções de diâmetros variados em todo o perfil. Com freqüência, esse grupo de solo está associado ao Latossolo Amarelo.

4. Grupo Hidromórfico
São solos muito jovens, formados a partir dos sedimentos recentes do período Quaternário.
Os solos hidromórficos são formadores das planícies fluviais e fluviomarinhas da região e compreendem os seguintes subgrupos: Laterita Hidromórfica, Hidromórficos Gleyzados, Hidromórficos Indiscriminados e Indiscriminados de Mangue.
Estão ligados a diferentes tipos de ambientes, destacando-se os manguezais, áreas deprimidas inundáveis e várzeas ribeirinhas. São fortemente influenciados pelo regime hídrico através do lençol freático, chuvas e marés.

5. Grupo Litólico
São caracterizados por apresentar o horizonte A bastante reduzido, de textura e fertilidade variável, repousado diretamente sobre a rocha matriz.
Na região, esse grupo de solo está ligado a rochas do Pré-Cambriano e fazem parte de testemunhos geológicos, inseridos em plena planície quaternária do norte do Estado.
Embora ainda não mapeado, há evidências da presença desse grupo de solo em outras áreas, destacando parte do trecho centro/sul do Amapá.

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Geografia do Amapá - Província Metalogenética do Amapá/NW do Pará

Essa província, definida por Faraco e Carvalho (1994a), distribui-se na porção noroeste do Estado do Pará e no Estado do Amapá, tendo o seu delineamento condicionado às áreas de abrangência das Seqüências Metavulcanossedimentares tipo greenstone belt (Grupo Serra Lombarda e Suíte Metamórfica Vila Nova ou Grupo Vila Nova), de idade paleoproterozóica, pertencentes ao Domínio de Crosta Antiga (retrabalhada ou não). No Estado do Amapá, está representada por cinco segmentos distribuídos de norte a sul, totalizando uma área de 32.727,8 km2 correspondente a 22,81% do seu território, onde foram individualizados cinco distritos metalogenéticos e duas áreas mineralizadas (Fig. 36), conforme descrição a seguir:


1. Distrito Aurífero do Cassiporé
Fica situado na porção centro-norte do Estado, no alto curso do rio que lhe empresta o nome. As mineralizações auríferas dominantes são do tipo filoneano-hidrotermal, encaixadas em tonalito gnaisses cisalhados, sendo comum a associacão mineralógica pirita-pirrotita-arsenopirita e a associação geoquímica prata-arsênio. As reservas e os teores das jazidas auríferas de Salamangone e Yoshidome, antes da lavra, eram da ordem de 14,4 toneladas (11,72 g/t) e 1,4 tonelada (36,56 g/t), respectivamente (Fig. 36). No Salamangone, além da mineralização primária, havia, também, concentração aurífera, gerada por processos secundários, relacionada ao desenvolvimento do perfil de laterização, produzindo um depósito, já minerado, com 5,25 toneladas de ouro. Aspectos similares aos do
Salamangone são encontrados no jazimento do morro da Mina, além das disseminações de ouro no gnaisse encaixante. Nos jazimentos do Cachoeira, as mineralizações são do tipo residual/supergênica, estando o ouro disseminado em saprolito e colúvio, onde os teores variam entre 1,04 e 5,77 g/t, mas a tonelagem é baixa. Existe, ainda, uma ocorrência de ouro hidrotermal semelhante à do Salamangone, bem como vários garimpos em pláceres recentes e materiais residuais (FARACO, CARVALHOe KLEIN, op. cit.; CARVALHO, FARACO e KLEIN, op. cit.).
A lavra das jazidas do Salamangone, até 07/10/95 esteve sob a responsabilidade da empresa Mineração Novo Astro S/A, sendo que, a partir dessa data, através de um termo de cessão de direitos, foi transferida para Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros do Lourenço Ltda. (COOGAL); enquanto que a das jazidas de Yoshidome (Labourie/Siboá), desenvolvida inicialmente pela empresa Mineração Yukio Yoshidome S/A, foi suspensa em 1992. Todavia, mediante acordo firmado na Justiça do Trabalho, os funcionários ganharam o controle acionário da empresa (90%) e, a partir de março de 1996, retomaram as atividades. 

2. Distrito Aurífero do Tartarugalzinho
Localiza-se na porção centro-oriental do Estado. A sua principal mineralização aurífera foi enquadrada como do tipo hidrotermal, disseminada em quartzitos, formações ferríferas bandadas e actnolita xistos, cujo depósito apresentou uma reserva de 6,8 toneladas com um teor de 3,37 g/t. Apresenta-se freqüentemente associada, mineralogicamente, à pirita, pirrotita, calcopirita, bornita, esfalerita, galena e, geoquimicamente, à prata e telúrio. Em um dos garimpos, o ouro está associado a veios de quartzo encaixados em granitóides; noutro, é aluvionar (FARACO, CARVALHO e KLEIN, op. cit.; CARVALHO, FARACO e KLEIN, op. cit.). 

3. Distrito Aurífero da Serra do Navio/Vila Nova
Está localizado na parte central do Estado. De acordo com Faraco, Carvalho e Klein (op. cit.), a mineralização de ouro verificada na jazida de Santa Maria, que ora vem sendo lavrada pela empresa Mineração Água Boa, é do tipo stratabound com pirita associada, hospedada em um metaconglomerado da base do pacote metassedimentar da Suíte Metamórfica Vila Nova, integrante das Seqüências Metavulcanossedimentares tipo greenstone belt. Com relação à gênese da mineralização, não existe consenso se é singenética ou epigenética. Embora os quartzitos que ocorrem associados a esse metaconglomerado apresentem evidências de alguma remobilização (vênulas de quartzo dobradas), o mesmo não acontece com a outra rocha. A reserva inicial era da ordem de 1,8 tonelada de ouro e o teor de 1,12 g/t. Enquanto que na jazida Vicente Sul, também em fase de lavra pela empresa retrocitada, a mineralização é do tipo filoneano-hidrotermal, caracterizada por veios de quartzo auríferos e vênulas (veinlets) de sulfetos (pirita/arsenopirita) ao longo das lineações (eixos de dobramentos isoclinais) em xistos básicos e pelíticos, principalmente no contato destes com aqueles. A reserva inicial era da ordem de 2,5 toneladas de ouro e o teor de 1,23 g/t. Além disso, ocorrências e garimpos de diamante têm sido reportados nos aluviões dos rios Vila Nova e Santa Maria, bem como de igarapés muito pequenos. Para Gonzaga e Tompkins (1991) citado por Faraco, Carvalho e Klein (1995), a rocha hospedeira do diamante seria o metaconglomerado aurífero supracitado e, conseqüentemente, a fonte para os aluviões diamantíferos.

4. Distrito Manganesífero da Serra do Navio
Está situado na porção central do Estado, mais especificamente nas margens do baixo curso do rio Amapari, afluente da margem direita do Araguari (Fig. 36). Segundo Rodrigues, Kosuki e Coelho Filho (1986), a origem das mineralizações manganesíferas de Serra do Navio, está relacionada a três estágios evolutivos, cumulativamente distintos: sedimentar, metamórfico e intempérico. 
No estágio sedimentar, ocorreu a formação de lentes de calcários manganesíferos, puros e impuros, depositadas em ambiente predominantemente redutor. No estágio metamórfico, associado às deformações tectônicas, ocorreram reações químicas e transformações físicas, tanto nas lentes de calcário manganesífero como nas rochas que as envolviam, originando, respectivamente, os mármores manganesíferos (protominério) e os xistos encaixantes. No último estágio, as lentes de protominério foram submetidas, gradativamente, a um intenso processo de intemperismo, condicionado pela atuação integrada dos seguintes fatores: alto índice pluviométrico, alternância anual de estações chuvosa e seca, temperatura elevada e densa cobertura vegetal (produtora de ácidos orgânicos). Em conseqüência disso, o manto de alteração nesse distrito chegou a atingir 100m de profundidade, principalmente nos locais topograficamente mais elevados. Quando do processo de decomposição do protominério, pelo intemperismo químico, ocorreu a liberação de ferro (Fe) e manganês (Mn) bivalentes, alumina e sílica, bem como a lixiviação de cálcio (Ca) e potássio (K). Através da oxidação, o Mn divalente passou a Mn tetravalente, originando óxidos relativamente insolúveis, tais como criptomelana, pirolusita e manganita. Por conseguinte, foram reconhecidos quatro tipos de minério:
a) minério maciço: resultante da alteração das lentes de mármore manganesífero (ricas em rodocrosita) que, devido serem mais vulneráveis à alteração química, originaram os depósitos de minério de teor mais alto; b) minério granatífero: proveniente da alteração dos horizontes silicatados que, por serem menos suscetíveis à decomposição química face à presença dos silicatos (espessartita, rodonita, etc.), geraram os depósitos com teores de Mn mais baixos; c) minério xistoso: originado pela dissolução, migração, deposição e/ou posterior substituição, total ou parcial, dos componentes mineralógicos dos xistos encaixantes, por óxidos de Mn, mas ficando preservada a xistosidade da rocha original; d) minério rolado: resultante da ação erosiva nos corpos de minério in situ, constitui os depósitos de encosta, caracterizados pela presença de fragmentos e blocos de minério de manganês levemente arredondados aos quais se associa a laterita granzon. De acordo com Santos (op. cit.), a lavra de manganês nesse distrito teve início em 1956, cujas reservas iniciais eram da ordem de 43 milhões de toneladas e o teor médio inicial da jazida deveria estar em torno de 40% de manganês (comparar com o Quadro 22).


5. Distrito Aurífero da Serra do Cupixi
Localiza-se na porção centro-sudoeste do Estado, no alto curso do rio Cupixi. Cabe salientar que essa serra é também conhecida sob a denominação de serra das Coambas, conforme trabalhos geológicos realizados naquela região por técnicos da empresa Indústria e Comércio de Minérios S/A-ICOMI e do Projeto RADAMBRASIL em 1982. Segundo Carvalho, Faraco e Klein (1995), esse distrito constitui-se por diversos garimpos, nos quais predominam as mineralizações auríferas do tipo filoneano-hidrotermal, encaixadas em xistos (com enriquecimento supergênico) e metaconglomerado. Faraco, Carvalho e Klein (1995) comentaram, também, sobre a ocorrência de veios de quartzo auríferos (com teor de 22 g/t) embutidos em metabasitos. 

6. Área Cromitífera do Bacuri
Localiza-se na porção centro-sul do Estado, mais precisamente na margem direita do igarapé que lhe empresta o nome, afluente do rio
Vila Nova. Com base no trabalho de Matos, Spier e Soares (1992), os depósitos de cromita estão associados a rochas máfico-ultramáficas, pertencentes ao que denominaram de Complexo Máfico-Ultramáfico Bacuri (arqueano a paleoproterozóico) e interpretaram-no como do tipo estratiforme, baseados na proposição de Jackson e Thayer (1972). Essa unidade encontra-se intrudida nas rochas do Complexo Guianense, pertencente aos Complexos de Médio a Alto Grau, estando parcialmente recoberta pelos metassedimentos da Suíte Metamórfica Vila Nova (ou Grupo Vila Nova, de Lima et. al., 1974), integrante das Seqüências Metavulcanossedimentares tipo greenstone belt. Segundo esses autores, o Complexo Máfico-Ultramáfico Bacuri, trata-se de um corpo intrusivo, diferenciado, com 35 km de comprimento por 1,5 km de largura, constituído por camadas paralelas, sub-verticalizadas, ciclicamente repetidas, cujas composições variam desde duníticas, na base, até gabróicas, no topo. Litologicamente, constitui-se de metadunitos, metaperidotitos, metapiroxenitos, cromititos e metagabros, onde são observadas, freqüentemente, estruturas ígneas primárias tais como acamadamento e textura cúmulos. O principal nível de cromitito, localiza-se na interfácie metaperidotitos/metagabros, podendo ocorrer níveis menores nos metaperidotitos, porém menos conhecidos. Esses cromititos constituem-se de agregados de grãos de cromita, distribuídos de maneira uniforme, onde o mineral-minério representa mais de 50% do volume total da rocha e, dependendo da sua posição em relação ao nível de intemperismo, podem ocorrer na forma friável ou compacta. Na forma friável, a matriz apresenta-se parcial ou totalmente argilizada, sendo de fácil desagregação; enquanto que na forma compacta, a matriz constitui-se principalmente pelo anfibólio tremolita. Saliente-se que à época do trabalho dos autores supracitados, já haviam sido descobertas nove jazidas de cromita, duas delas em fase de lavra, cujas reservas cubadas totalizaram valores superiores à casa dos 7 milhões de toneladas com teor de 33,3% de Cr2O3 (comparar com o Quadro 22). A lavra dessas jazidas que vinha sendo desenvolvida desde meados de 1988, pela Companhia Ferro Ligas do Amapá/CFA (grupo CAEMI Mineração e Metalurgia), teve suas atividades suspensas a partir de novembro de 1996. Segundo Ribeiro (1996), em 1995, as reservas brasileiras de cromita (medidas e indicadas) atingiram 6,31 milhões de toneladas de Cr2O3 contido, distribuídas nos estados da Bahia (65,3%), Amapá (33,5%) e Minas Gerais (1,2%). No cenário mundial, essas reservas representaram apenas 0,2%. Além disso, o Estado do Amapá é o segundo maior produtor brasileiro de concentrado de minério de cromo. Cabe ressalvar ainda que, embora a unidade litoestratigráfica definida por Matos, Spier e Soares (op. cit.) pertença às Suítes Plutônicas, por conveniência deste trabalho, foi incluída nas Seqüências Metavulcanossedimentares tipo greenstone belt.

7. Área Cromitífera do Igarapé do Breu
Situa-se na porção sul do Estado, mais precisamente na região do igarapé homônimo, afluente da margem direita do rio Preto (Fig. 36). Caracteriza-se por um depósito de cromita, associado a rochas metaultramáficas intensamente alteradas, interpretadas como do tipo alpino e incluídas no Grupo Vila Nova (ou Suíte Metamórfica Vila Nova), pertencente às Seqüências Metavulcanossedimentares tipo greenstone belt. Essas rochas constituem um corpo isolado, em forma de pêra, medindo 85m de comprimento por 30m de largura, sendo constituído por três tipos de minério: compacto, friável e eluvial (este último em
menor proporção). As reservas cubadas totalizaram 90.840 toneladas com teor de 31,9% de Cr2O3 (Queiroz, 1986; Faraco, Carvalho e Klein, op. cit.).

Outros Distritos Metalogenéticos e Depósitos/Ocorrências Minerais

1. Distrito Bauxitífero-Caulínico de Almeirim/Jari
Esse distrito, também definido por Faraco e Carvalho (1994a), encontra-se distribuído nas porções noroeste do Estado do Pará e sul do Estado do Amapá, estando inserido, parcialmente, nos terrenos das Seqüências Sedimentares Meso-Cenozóicas, pertencentes às Coberturas Plataformais. Em território amapaense,
localiza-se, mais precisamente, na região do baixo curso do rio Jari, afluente da margem esquerda do Amazonas, dentro dos domínios do Município de Vitória do Jari, onde se faz representar pelas importantes jazidas de caulim do morro do Felipe e pelos depósitos de bauxita refratária da serra do Acapuzal, ambos desenvolvidos na porção superior da Formação Alter do Chão (ou Formação Barreiras, para alguns autores).
De acordo com Santos (op. cit.), o processo de bauxitização ocorrido na Amazônia Oriental, provavelmente iniciado no Pleistoceno e que persiste até hoje, graças às condições climáticas, "corresponde basicamente à lixiviação de rochas argilosas, com redução da sílica e transporte para baixo das soluções com alumínio e ferro, que se precipitam sob a forma de hidróxidos e de óxidos hidratados nos horizontes com condições físico-químicas favoráveis. O estádio de maturação do relevo, refletido nas características da drenagem dos platôs, condiciona a formação e a retenção dos depósitos de bauxita. O mineral de minério das bauxitas da Amazônia é a gibbsita (trihidrato de alumínio), que apresenta vantagens sobre a boehmita (monohidrato de alumínio), por exigir pressões e temperaturas menores no processo de fabricação de alumina". Segundo Kotschoubey (1988), os depósitos de bauxita alojados nesse distrito são do tipo blanket e capeiam platôs dissecados, cujos topos aplainados são testemunhos do pediplano pliopleistocênico ou do final do Plioceno correspondente, portanto, à superfície Velhas recente de King (1967) ou Pd-1 de Bigarella e
Andrade (1964). Esses depósitos encontram-se, em geral, recobertos por um capeamento argiloso amarelado a avermelhado, com 15 a 20m de espessura, denominado Argila de Belterra, cuja origem é muito controvertida. As rochas sobre as quais as bauxitas se formaram são, pedominantemente, arenitos argilosos, às vezes arcosianos finos a grosseiros, eventualmente conglomeráticos, com intercalações argilosas mais ou menos ricas em quartzo, pertencentes, na região do baixo e médio Amazonas, à Formação Alter do Chão, cuja porção inferior foi datada como albiana a turoniana, por Daemon (1975). Quanto à idade de formação desses depósitos, esse autor, contrariando a idéia postulada por Santos (op.
cit.), admitiu que “a primeira e mais importante etapa de bauxitização ocorreu no Oligoceno, e talvez apenas no Oligoceno Superior", prosseguindo a sua evolução até o Mioceno. No Plioceno ou Mio-Plioceno, caracterizados por um clima com tendência árida, ocorreu a deposição da Argila de Belterra e, a seguir, a edificação da superfície Velhas recente. No Pleistoceno, com o soerguimento epirogenético regional, houve a reativação dos
processos erosivos e, conseqüentemente, a formação da rede de drenagem e a individualização dos platôs bauxitíferos.
O perfil de laterização dos depósitos de bauxita refratária da região de Almeirim-Jari, descrito por Braga e Alves (1988), caracteriza-se, sumariamente, pelos seguintes níveis: i)capeamento de argila creme-laranja, com até 10m de espessura; ii) bauxita nodular com granulometria entre 1 e 3cm, distribuída em matriz argilosa, apresentando 0,50 a 3m de espessura; iii) laterita bauxítica, geralmente na forma de blocos com 5 a 10cm de diâmetro, dispersos em argila, podendo ocorrer blocos ou fragmentos de laterita ferruginosa agregados com blocos de gibbsita cristalizada de 3 a 5cm de diâmetro, com 1 a 5m de espessura; iv) argila variegada, gradando para caulim em profundidade.
Os depósitos de bauxita refratária da serra do Acapuzal, no Município de Vitória do Jari, constituídos, mormente, por gibbsita -
Al2O3.3H2O ou Al(OH)3, dispõem, de acordo com o DNPM (1996), de uma reserva medida de 24.688.294 toneladas de minério com teor de 45% de Al2O3. Esse tipo de bauxita é empregado, principalmente, na fabricação de tijolos para revestimento de fornos elétricos de siderurgia (Quadro 22). Segundo Mártires (1995), cerca de 97% da bauxita consumida, destina-se à produção de alumina, ficando apenas o restante para uso no setor de refratários.
Conforme informações do Departamento de Geologia da empresa Caulim da Amazônia S/A (CADAM, 1997), a teoria proposta para a gênese dos depósitos de caulim da Amazônia é a seguinte: "o material sedimentado que formou o pacote mineral foi originado no Escudo das Guianas e Escudo Brasileiro, mais a contribuição dos Andes. No final do Jurássico, com o episódio tectono-magmático denominado Reativação Waldeneana ou Sul-Atlantiano, houve o soerguimento do Arco de Gurupá, situado entre Monte Alegre e a ilha de Marajó, permitindo a deposição da Formação Alter do Chão. No término do período, o fechamento da Bacia proporcionou a formação de um complexo flúvio-lacustre (sic) para onde convergiram os sedimentos originados nos crátons e nos Andes. Nos locais mais profundos acomodaram-se os clásticos grosseiros sobre os quais seguiram-se as argilas por serem mais leves e precisando de águas calmas para iniciar o processo de sedimentação. Uma retomada da subsidência no Terciário, permitiu a deposição dos sedimentos Belterra, cujas áreas fontes estão bem mais próximas que as de acumulação. No final do Terciário, a elevação de toda a área inundada deu oportunidade à ação dos fenômenos erosivos isolando os platôs e criando o forte ravinamento característico dessa morfologia". No que concerne aos platôs das jazidas de caulim (morro do Felipe) da região do Jari, de acordo com CADAM (op. cit.), encontram-se separados por cursos d'água subseqüentes - controlados por um sistema de falhamentos de direção NW-SE, sendo que uma dessas falhas secciona a mina do Felipe II. Admitem que o pacote caulinítico foi submetido a processos de intemperismo, propiciando a remoção da sílica dos grãos de quartzo e, conseqüentemente, originando a porosidade do minério, além de possibilitar a mobilização do ferro (Fe) limpando o caulim, podendo, entretanto, ocorrer situações em que esse Fe permaneceu in situ ou, então, fixou-se em determinados pontos do minério ocasionando manchas (caulim tipo IV). O fato do caulim dessa região ser constituído por partículas muito pequenas é atribuído a um selecionamento na área fonte, além do que não são encontrados os stacks que evidenciem uma caulinização in situ, resultante da alteração de feldspatos e de outros aluminossilicatos. O "Alvo 21" representa um local onde os fatores de lixiviação foram mais intensos, coincidindo com a generosa espessura da camada de caulim. É possível que existam outras áreas, dentro das concessões da CADAM, com qualidades similares. Com base nesse autor, apresenta-se sumariamente o perfil dos seis tipos de caulim encontrados na região: i) tipo 0- caulim manchado begeróseo: caulim impuro, bege-claro à creme, com freqüentes manchas róseas e amarelas, friável, alguns grãos de quartzo, muitas cavernas milimétricas preenchidas por material argiloso. Nas fissuras existe fina camada vermelho-amarela; ii) tipo I- caulim compacto .creme-esbranquiçado: trata-se da primeira unidade de caulim puro. É compacto e com abundantes poros, ainda mantendo grãos de quartzo em parte lixiviados. Apresenta manchas róseas e os planos de fratura são preenchidos por material ferruginoso marrom amarelado ou marrom-escuro; iii) tipo IIcaulim compacto poroso: é homogêneo, bastante poroso, textura alveolar e de cor creme claro com pequenas manchas róseas e vermelhas. Contém grãos de quartzo corroídos com 0,5mm a 2,0mm de diâmetro, sendo mais leve e friável que os outros tipos; iv) tipo IIIcaulim granular esbranquiçado: a cor predominante é cinza-esbranquiçado com ocasionais manchas irregulares e difusas de cor roxa, lilás-azulada, púrpura e avermelhada. O quartzo corroído ocorre isolado. O sub-tipo IIIa é uma variedade densa, branco puro a acinzentado, homogêneo e sem manchas. A textura é fina e compacta. O sub-tipo IIIb é muito manchado e o IIIg contém palhetas de mica branca; v) tipo IV- caulim impuro brechóide: é denso, compacto, cor bege-acinzentado, com lentes, manchas e cavernas contendo material argilo-ferruginoso de cores variadas, sendo as mais comuns o amarelo e o marrom. Na base do pacote ocorre material argiloso com nódulos lateríticos, o que o diferencia, geneticamente, do tipo VI; vi) tipo V- caulim arenoso: é uma rocha caulinítica com elevado teor de areia, de coloração variada, onde se observa o bandeamento do quartzo com granulometrias diferentes. A distribuição é horizontal a subhorizontal, sendo encontrado em toda a jazida. Antes de iniciarem a lavra, as jazidas de caulim da região do Jari apresentaram uma reserva medida de 264 milhões de toneladas e uma reserva indicada de 118 milhões de toneladas (comparar com os valores das reservas atuais do Quadro 22). Segundo Silva (1996), em termos de reservas mundiais de caulim, o Brasil ocupa o segundo lugar com 1,7 bilhão de toneladas, onde somente os estados do Pará e Amapá detêm, juntos, cerca de 70%.
Cabe ressaltar que, não obstante as jazidas de caulim fiquem localizadas em território amapaense, o minério é transportado por um mineroduto para Monte Dourado no Estado do Pará, onde sofre beneficiamento no seu grau de alvura, e depois é embarcado no Porto de Munguba, também nos domínios paraenses.

2. Depósitos de Ferro (rio Tracajatuba, rio Vila Nova e serra do Cupixi ou das Coambas) e de Bauxita do Igarapé do Lago
Estudos desenvolvidos por técnicos do Departamento Nacional da Produção Mineral-DNPM, na área de ocorrência de magnetita da região do médio curso do rio Tracajatuba, afluente da margem esquerda do Araguari, levaram a conclusão de que se trata de uma seqüência de quartzitos e itabiritos com magnetita, onde dimensionaram um depósito com uma reserva estimada em 18,3 milhões de toneladas, com um teor médio de 60% de ferro (LIMA et al., 1974).
Na região de Santa Maria, no médio curso do rio Vila Nova, a empresa multinacional Hanna Corporation, em meados da década de 40, desenvolvendo pesquisa preliminar nas ocorrências de ferro que se encontram associadas a rochas itabiríticas pertencentes ao Grupo Vila Nova (ou Suíte Metamórfica Vila Nova), cubou um pequeno depósito da ordem de 10 milhões de toneladas, tendo como mineralminério a hematita (Quadro 22 e Fig. 36). Em decorrência do seu baixo potencial, os trabalhos foram abandonados (SANTOS, 1981).
Segundo Pinto et al. (1986), na serra do Cupixi (ou serra das Coambas), localizada próximo às cabeceiras do rio homônimo, técnicos da empresa Indústria e Comércio de Minérios S/A - ICOMI, através de trabalhos de pesquisa (15 poços e uma trincheira), dimensionaram um pequeno depósito com uma reserva de 4 milhões de toneladas de minério de ferro (Quadro 22), com teor de 45-50% de Fe, cuja origem foi atribuída a processo de enriquecimento supergênico atuante sobre litotipos ferruginosos (itabiritos) ou itabiritos e jaspilitos, intercalados e/ou recobrindo rochas quartzíticas micáceas ou não. 
Branco (1984), na Listagem dos Principais Depósitos Minerais do Brasil, mencionou um depósito de bauxita (médio), do tipo estratiforme, de origem sedimentar com enriquecimento supergênico, apresentando uma reserva medida de 41 milhões de toneladas com teor de 45% de Al2O3, localizado na região de Igarapé do Lago no Município de Santana
(Quadro 22).

3. Ocorrências de Gás Natural, Petróleo, Mármore e Rocha Ornamental
Segundo Santos (1981), embora os trabalhos de pesquisa de petróleo na foz do Amazonas tenham sido iniciados em 1970, somente em 1976 ocorreram as primeiras descobertas:"o poço 1-APS-10 B, a 250 quilômetros do Amapá, revelou ocorrência de gás, produzindo em teste 7,3 milhões de metros cúbicos por dia de vazão máxima, e dando origem ao campo de Pirapema, com reserva de 12.350 milhões de metros cúbicos de gás, que nos dias de hoje ainda não pode ser explorada economicamente. O poço 1-APS-21 detectou pela primeira vez, em ocorrência subcomercial, a
presença de petróleo na foz do Amazonas, com a vazão de 126 mil metros cúbicos e 40 barris de óleo por dia, infelizmente também depletivo".
No que concerne à ocorrência de mármore, Pinto (1997), com base na informação verbal do geólogo Fabiano Laranjeiras (ICOMI) por
ocasião do Encontro Técnico-Administrativo do Projeto PRIMAZ/CPRM - realizado em Serra do Navio (21 a 23/05/97), fez referências sobre a presença de lentes de mármore contendo 26% de CaCO3 e 12% de MgO, localizadas a aproximadamente 15m de profundidade em relação à superfície do fundo da cava de uma das minas onde foi encerrada a atividade de lavra do minério de manganês. Desde que essas lentes apresentem composição química adequada e a sua lavra seja economicamente viável, visando à implantação de um parque moageiro para suprir a
demanda de calcário para a neutralização da acidez de nossos solos, considera-se como da maior relevância para o Estado, em função da
localização estratégica, próxima a assentamentos do INCRA, dispor da infra-estrutura necessária e possuir interligação rodoviária com os demais municípios estaduais e ferroviária com os municípios de Pedra Branca do Amapari, Porto Grande e Macapá.
De acordo com Chiodi Filho e Rodrigues (1996) citado por Pinto (2000), as rochas ornamentais e de revestimento, abrangem os mais variados tipos litológicos, passíveis de serem extraídos em blocos ou placas, cortados em formas diversas e beneficiados através de esquadrejamento, polimento, lustro, dentre outros. Apresentam como principais campos de aplicação, tanto peças isoladas (esculturas, tampos e pés de mesas, balcões, lápides e arte funerária em geral), quanto edificações, onde se destacam os revestimentos de paredes (internos e externos), pisos, pilares, colunas, soleiras, etc.. Por outro lado, em consonância com Chiodi Filho e Rodrigues (op. cit.; 1997; 1999) citado por Pinto (op. cit.), as rochas ornamentais, quanto à sua classificação comercial, são subdivididas, basicamente, em "granitos" e "mármores". Enquadram-se, genericamente, como granitos, um amplo conjunto de rochas silicatadas (granodioritos, monzonitos, dioritos, diabásios/basaltos, sienitos, charnockitos, gnaisses, granitos propriamente ditos, etc.), e, como mármores, as rochas carbonatadas (calcários, dolomitos, mármores, etc.).
Nesse contexto, Pinto (2000) ressaltou que: "o potencial geológico do Estado do Amapá está voltado, sem sombra de dúvida, para os granitos ornamentais, haja vista que grande parte de seu território (cerca de 62%) constitui-se por terrenos de rochas cristalinas (migmatitos, granulitos, gnaisses, granodioritos, monzonitos, dioritos, adamelitos, diabásios, gabros, sienitos e granitos propriamente ditos, dentre outros) potencialmente favoráveis para essa categoria. Entretanto, o maior impedimento para uma melhor performance, está relacionado à dificuldade de acesso decorrente da fraca rede rodoviária estadual, bem como pelo espesso manto de intemperismo e a densa cobertura vegetal, condicionados pelo nosso clima, os quais ofuscam, em parte, a exposição dessas rochas."
Os dados gerados durante a execução (1998-2001) do Projeto Rochas Ornamentais do Estado do Amapá, sob a coordenação do geólogo/pesquisador Adalberto do Carmo Pinto, contribuíram decisivamente para que Pinto e Monteiro (2001) elaborassem o Portfólio de Rochas Ornamentais do Estado do Amapá, lançado na 13a FIMAG-Feira Internacional do Mármore e Granito, realizada em Cachoeiro de Itapemirim-ES, em agosto de 2001. Nesse portfólio estão divulgadas as fichas técnicas, com as fotos dos ladrilhos polidos e os resultados dos principais ensaios de caracterização tecnológica, de doze ocorrências de granitos com padrões estéticos (cor, textura e estrutura) distintos. Esses granitos foram identificados, informalmente, com os seguintes nomes fantasia: i)Bege Equatorial, no Município de Ferreira Gomes; ii)Cinza Savana e Bege Itaubal, no Município de Tartarugalzinho; iii) Azul Suí, Aurora Amazonas, Vermelho Piquiá, Verde Amapá e Rosa Cunani, no Município de Calçoene; e iv) Rosa Tigresa, Prata Rosê, Rosa Oiapoque e Cinza Oiapoque, no Município de Oiapoque. (Quadro 23).


Fonte:

MACRODIAGNÓSTICO DO ESTADO DO AMAPÁ
PRIMEIRA APROXIMAÇÃO DO ZEE

COORDENADOR: Benedito Vitor Rabelo

AUTORES: Adalberto do Carmo Pinto, Alandy Patrícia do S. Cavalcante Simas, Antonio Tebaldi Tardin, Aristóteles Viana Fernandes, Benedito Vitor Rabelo, César Bernardo de Souza, Elenilza Maria P. Bentes Monteiro, Francinete da Silva Facundes, José Elias de Souza Ávila, Josiane S. Aguiar de Souza, Luiz Alberto Costa Guedes, Otizete A. de Alencar da Penha, Rosa Maria de Sousa Melo e Valdeci Marques Gibson

NORMALIZAÇÃO: Adelina do S. S. Belém

REVISÃO (VERSÃO EM PDF): Adalberto do C. Pinto/IEPA (Texto, Quadro e Figuras), Jamile da C. da Silva/IEPA (Referências) e Andréa Liliane P. da Silva/EMBRAPA-AP (Referências)

INSTITUIÇÕES COLABORADORAS: EMBRAPA/AP, IBGE/DIPEQ/AP, INPE e UFRJ/LAGET

CONTRIBUIÇÃO: Socorro de Jesus C. de Oliveira, Ulene C. da Silva

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA: Amapaz Projetos Sustentáveis LTDA