A floresta de várzea constitui o segundo maior ambiente florestado da região, considerando estrutura, diversidade e representatividade espacial.
Floresta de Várzea |
Sua área de abrangência e maior concentração ocorrem principalmente em margens de rios de água barrenta onde, de certo modo, passa a ser regulada pelos regimes de marés. Na medida em que se avalia o comportamento desse ambiente, a partir das áreas estuarinas para o interior do continente, observa-se profunda redução florística possivelmente ligada às alterações físico-químicas das águas desses rios.
As maiores florestas de várzea do Estado ocorrem ao longo da orla amazônica, adentrando pelos estuários e baixos cursos dos inúmeros rios que aí deságuam. Nesse trecho, seus limites estendem-se do rio Jari até o arquipélago do Bailique, a partir do qual a salinidade passa a funcionar como fator de seleção e conseqüente causa do aparecimento de espécies do manguezal.
Na linha de costa, a floresta de várzea é substituída pelos manguezais. No interior da planície inundável encontram-se formações de florestas de várzea com estrutura e diversidade diminuída em relação às formas ribeirinhas.
Fala-se então em floresta aberta de várzea, em oposição a outra que passa a constituir a forma Floresta Densa de Várzea.
Condição Potencial
As condições potenciais da floresta de várzea estão ligadas à sua riqueza em essências econômicas, o que de certo modo tem envolvido grandes equívocos de exploração, com reflexos comprometedores no empobrecimento de estoques naturais e na própria relação de vida das populações ribeirinhas.
Afora a riqueza em essências madeiráveis, a floresta de várzea também se destaca pela freqüência de outras espécies econômicas, dentre as quais, destacam-se:
· Açaí (Euterpe oleracea): palmeira cespitosa, produtora de frutos comestíveis e de palmito comercializável. Constitui uma das espécies mais representativas desse ambiente, podendo apresentar-se na forma dispersa ou em populações adensadas;
· Buriti (Mauritia flexuosa): palmeira produtora de frutos comestíveis e oleaginosos, pouco aproveitáveis na região. À semelhança da espécie anterior, forma populações adensadas, tanto na floresta ribeirinha quanto no interior de ambientes inundáveis. O aumento das populações dessa espécie na floresta de várzea, ao que tudo indica, está ligado ao manejo inadequado desse ambiente;
· Murumuru (Astrocaryum murumuru): palmeira frutífera oleaginosa não aproveitada na região. Possui alta freqüência nas várzeas ribeirinhas;
· Ucuúba ou Virola (Virola surinamensis): árvore de grande porte, frutífera oleaginosa. Espécie freqüente nas várzeas ribeirinhas e em locais interiores inundáveis, na forma de pequenas populações. O manejo ostensivo e indiscriminado da espécie, para fins madeireiros, tem causado grandes impactos em seus estoques comerciais;
· Pracaxi (Pentachleta macroloba): árvore mediana, frutífera oleaginosa. Freqüente nas várzeas estuarinas e ao longo dos médios cursos de rios;
· Andiroba (Carapa guianensis): árvore de grande porte, freqüente nas várzeas ribeirinhas. Seus frutos oleaginosos têm largo aproveitamento na região. Dada a ostensiva exploração madeireira da espécie, tem-se uma acelerada diminuição de seus estoques, principalmente comerciais;
· Seringueira (Hevea guianensis): essência laticífera. Espécie típica da floresta de várzea, podendo encontrar-se dispersa no ambiente ou em populações adensadas;
· Ubuçu (Manicaria saccifera): palmeira produtora de folhagem usada em coberturas de casas. Em geral, a distribuição da espécie dá-se na forma de populações adensadas, em várzeas pouco inundáveis;
· Arumã (Ischnosiphom aruma): arbusto de pequeno porte, produtor de fibra, encontrado em várzea, pouco inundável, sob a forma adensada.
MACRODIAGNÓSTICO DO ESTADO DO AMAPÁ
PRIMEIRA APROXIMAÇÃO DO ZEE
COORDENADOR: Benedito Vitor Rabelo
AUTORES: Adalberto do Carmo Pinto, Alandy Patrícia do S. Cavalcante Simas, Antonio Tebaldi Tardin, Aristóteles Viana Fernandes, Benedito Vitor Rabelo, César Bernardo de Souza, Elenilza Maria P. Bentes Monteiro, Francinete da Silva Facundes, José Elias de Souza Ávila, Josiane S. Aguiar de Souza, Luiz Alberto Costa Guedes, Otizete A. de Alencar da Penha, Rosa Maria de Sousa Melo e Valdeci Marques Gibson
NORMALIZAÇÃO: Adelina do S. S. Belém
REVISÃO (VERSÃO EM PDF): Adalberto do C. Pinto/IEPA (Texto, Quadro e Figuras), Jamile da C. da Silva/IEPA (Referências) e Andréa Liliane P. da Silva/EMBRAPA-AP (Referências)
INSTITUIÇÕES COLABORADORAS: EMBRAPA/AP, IBGE/DIPEQ/AP, INPE e UFRJ/LAGET
CONTRIBUIÇÃO: Socorro de Jesus C. de Oliveira, Ulene C. da Silva
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA: Amapaz Projetos Sustentáveis LTDA
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