Setor industrial foi o que mais demitiu nesse trimestre, segundo o IBGE; “Todos os canais de demanda estão fechados, porque o salário do trabalhador também caiu”, diz João Sicsú.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou nesta quinta-feira (29) que o desemprego no país aumentou ainda mais no último trimestre. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) contínua a taxa chegou a 8,7%, a maior desde o início da série histórica, em 2012.
O número de empregos formais também caiu 3% no trimestre, o que significa 1,09 milhão de vagas a menos. Para o professor de economia da UFRJ João Sicsú, esses números são “um desastre anunciado”. Para ele, uma mudança só virá quando a política de austeridade fiscal for revertida.
“Toda política de austeridade tem como resultado a recessão, o desemprego e o agravamento da situação social. É o que aconteceu no Brasil nos anos 90 e o que vem acontecendo com países da Europa desde 2012”, explicou, lembrando que os 8 milhões e 800 mil pessoas desempregadas no Brasil podem atingir outras 30 milhões indiretamente.
Setor industrial
O relatório aponta que o setor mais prejudicado pela política econômica do governo é a indústria. De acordo com a PNAD, o setor cortou 472 mil vagas no último trimestre. Como reflexo, já é possível notar um aumento de procura no setor informal. Segundo o IBGE mais de 926 mil entrarem nesse grupo em um ano.
Para o professor, a situação da indústria reflete o momento da economia brasileira, já que o mercado interno está extremamente enfraquecido por conta da queda do rendimento médio dos trabalhadores.
“Todos os canais de demanda estão fechados porque os salários dos trabalhadores também estão caindo. Tem um ponto positivo pra indústria que é a desvalorização cambial, mas a situação está tão grave que mesmo com o dólar a quatro reais a indústria continua demitindo”, alertou.
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