Com
a descoberta das jazidas de minério de manganês em Serra do Navio, pelo
caboclo Mário Cruz em 1946, o Território do Amapá começou a entrar no
gerenciamento econômico pela Empresa, além de ser um marco na história
mineralógica do Amapá, é também o referencial da implantação
mineralógica na Amazônia e, somente mais tarde na década de 60, foram
descobertas as jazidas minerais da Serra dos Carajás.
Com
a descoberta do manganês no Amapá, foram apresentadas para a
concorrência de exploração desse minério duas empresas americanas, a
United States, a Hanna Exploration Company e a empresa brasileira ICOMI.
Mas
o governo brasileiro optou pela ICOMI, justificando que como eram
jazidas, seria fundamental o desenvolvimento de uma empresa do próprio
país. Após vencer a concorrência, o Governo Federal autorizou a
concessão da exploração desse minério por um período de 50 anos, de 1953
a 2003.
Segundo
Raiol (1992), a Empresa ICOMI do empresário Augusto Trajano de Azevedo
Antunes, que após a “celebração do contrato de 6 de dezembro de 1947,
alegou ao Governo Federal, que não tinha recursos financeiros para
executar o projeto”. “E em 31 de março de 1950 a associação da Empresa
americana Bethlhen Steel” (GLYCON DE PAIVA). Azevedo Antunes transformou
sua empresa em Sociedade Anônima/AS, ao vender 49% de suas ações para a
Bethlehen Steel, uma das mais ricas empresas do ramo de aço dos Estados
Unidos.
Naquele
momento a indústria siderúrgica americana estava dependente do minério
de manganês explorado nos países africanos, que estava se esgotando. A
extração do minério de manganês da Serra do Navio, além de resolver o
problema da dependência do minério extraído da África, aumentaria o
estoque americano num momento em que a indústria bélica necessitava de
grande quantidade de aço, devido ao período da Guerra Fria. Diferente da
Rússia, que possuía um estoque de manganês que garantia a produção de
aço necessário ao desenvolvimento industrial.
Segundo
Glycon de Paiva, geólogo do Departamento Nacional de Pesquisas
Mineralógicas (DNPM) e membro do Conselho Nacional de Minas e Metalurgia
(CNMM) afirma que:
“As
jazidas recém-descobertas colocavam o Brasil a cavaleiro no mercado
internacional do manganês, podendo estabelecer a venda para a mesma
Siderurgia Nacional, estratégias que dela ficaria dependente, que isto
era uma vantagem de natureza geopolítica. O que convertia o manganês em
verdadeira arma de convertia o manganês em verdadeira arma de soberania
nas mãos do Brasil”.
Na realidade o que aconteceu foi diferente, o mercado consumidor de manganês praticamente se reduziu ao mercado americano.
Com
a autorização ao governo do Território, a revisão do contrato com a
Empresa ICOMI em 31 de março de 1950, pelo Presidente da República
Gaspar Dutra, através do Decreto nº 28.162 determinava que houvesse as
seguintes cláusulas:
1. Investimento
na construção de uma ferrovia Santana/Serra do Navio, com a extensão de
193 km, para transportar operários e escoar minério, devido à
inviabilidade de transporte via marítima direto das minas.
2. Exclusividade absoluta dos associados sobre qualquer jazida, que porventura fossem descobertas.
3. Arrendamento de exploração pelos concessionados durante 50 anos (1953 a 2003).
4. O
abastecimento da indústria nacional, só poderia se atendido desde que
os pedidos de minério fossem avisados com a devida antecedência e
respeitados os compromissos contratuais com terceiros. (CUNHA, 1962, p
39)
Em
14 de novembro de 1950, o Congresso Nacional autorizou ao poder
Executivo a dar garantia ao tesouro Nacional de um empréstimo externo no
valor de 67.500.000 dólares, a ser contraído pela empresa ICOMI
(ALUÍSIO, 1988).
E
empresa ICOMI ao contrário de muitos empreendimentos, como a Jarí
Florestal do empresário norte-americano Daniel Keith Ludwig, que
produzia papel e celulose, que não conseguiu grandes lucros, mas foi
comprada por Augusto Antunes em 1982.
A
Empresa ICOMI teve grande prosperidade e somente começou a decair com o
fim da Guerra Fria e o início da exploração de manganês da Serra de
Carajás, no Pará.
Segundo
(RAIOL, 1992), a Empresa Bethlehen Steel, parceria estrangeira da
Empresa ICOMI, retirou-se da associação de 1984, contudo desde 1957 o
grupo lavrou cerca de 29 milhões de toneladas de manganês e exportou
mais de 25 milhões.
Em
dezembro de 1997, a Empresa ICOMI também resolveu encerrar suas
atividades, deixando um saldo negativo para o Amapá, pois, além do
desemprego, a decadência econômica do município de Serra do Navio, o
grande impacto ambiental causado pela empresa entre eles, a contaminação
da área portuária de Santana e da Comunidade de Elesbão, com um
elemento químico chamado “Arsênio”
Nesse
contrato firmado com a Empresa ICOMI, associado com a empresa Bethehen
Steel evidenciou-se profundamente perverso para com as necessidades do
país e do Amapá, pois além de uma verdadeira afronta à soberania
nacional, na medida em que uma empresa estrangeira interessada apenas na
acumulação da riqueza. Este
contrato se constituiu em uma postura antinacionalista e entreguista,
até parece ter sido elaborado pelas próprias empresas, uma vez que lesou
sempre os interesses do Brasil.
A
cláusula que se refere ao abastecimento da indústria nacional dá com
exatidão a marginalização em que o próprio país foi colocado.
As
empresas foram embora porque exatamente não havia mais lucro. O buraco
que ficou na terra, só quem sente de perto é a sociedade amapaense. Um
fosso social da dimensão da miséria que grassa rapidamente, como um
fenômeno novo sintetizado pela favelização recente que se processa no
Amapá, colocando em xeque o sonho do “El-Dourado” Território Federal do
Amapá.
Texto tirado do livro:
MORAIS, Paulo Dias. História do Amapá – O passado é o espelho do presente. Paulo Dias Morais – Macapá; JM Editora Gráfica, 2009. p - 81-85.
Ajudou muito essa matéria por que eu aprendi mais pra minha prova.
ResponderExcluirMuito obrigado
ResponderExcluirObrigada
ResponderExcluirHá muitas desinformação no livro do autor Paulo Dias Morais. A ICOMI chegou a gerar 5 mil empregos diretos e milhares de outros indiretos. Montou uma estrutura as chamadas cidades-companhias no município de Serra do Navio com escola, hospital, cinema, clube de futebol, piscina que nem a capital Macapá dispunha à época. Quem viveu a era dourada da companhia vai discordar da visão pessimista do autor.
ResponderExcluirDe que adiantou toda essa estrutura para hoje o município de Serra do Navio ser um local de atraso e desemprego?
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