sábado, 9 de junho de 2018

Geografia do Amapá - Domínios Geotectônicos

No contexto geológico regional, o território amapaense está inserido na porção norte da Plataforma Amazônica, onde Carvalho, Faraco e Klein (1995), em consonância com Faraco, Carvalho e Klein (1995), caracterizaram duas unidades geotectônicas sob as denominações de Crosta Antiga (retrabalhada ou não) e Coberturas de Plataforma, além das suítes plutônicas de natureza e idades diversas associadas.

No presente trabalho, de acordo com os objetivos a que se propõe, apresenta-se uma base geotectônica simplificada, resultante de uma adaptação baseada em Faraco e Carvalho (1994b) e Carvalho, Faraco e Klein (op. cit), representada pelos domínios de Crosta Antiga (retrabalhada ou não), de idade arqueana a paleoproterozóica, e das Coberturas de Plataforma, fanerozóicas (Fig. 34 e Quadro 21). No primeiro domínio, foram individualizados os Complexos de Médio a Alto Grau (arqueanos), constituídos por granulitos e granitóides/ortognaisses TTG (tonalíticos, trondhjemíticos e granodioríticos), pertencentes ao Complexo Guianense (ISSLER et al., 1974), bem como as Seqüências Metavulcanossedimentares tipo greenstone belt (paleoproterozóicas), representadas por gnaisses, anfibolitos e metassedimentos clastoquímicos do Grupo Serra Lombarda (FARACO, CARVALHO e KLEIN, op.cit.) e por metaígneas máfico-ultramáficas e metassedimentos da Suíte Metamórfica Vila Nova (JOÃO et al., 1978). No segundo domínio, foram compartimentadas as Seqüências Sedimentares Paleozóicas, englobando os conjuntos de litologias da borda norte da Bacia do Amazonas pertencentes à Formação Trombetas (siluriana), composta de arenitos brancos, finos a médios, bem selecionados, gradando para folhelhos pretos e arenitos com folhelhos intercalados, fossilíferos, e à Formação Curuá (neodevoniana), constituída por folhelhos cinza-escuros a pretos, piritosos, bem laminados, intercalados com siltitos e horizontes de arenitos, fossilíferos; bem como as Seqüências Sedimentares Meso-Cenozóicas, abrangendo os componentes litológicos integrantes da Formação Alter do Chão (cretácea), constituída por arenitos finos, siltitos e argilitos caulínicos, com lentes de conglomerados e arenitos grosseiros, vermelhos, amarelos e brancos; e da Formação Barreiras (terciária), representada por argilitos e siltitos, com intercalações de arenitos grosseiros a conglomeráticos, além dos sedimentos aluvionares quaternários.



Potencial Mineral
Os estudos metalogenéticos e geoeconômicos têm revelado que existe uma grande heterogeneidade na composição da crosta terrestre (parte externa sólida da Terra) e que as substâncias minerais de interesse econômico nela encontradas, não estão distribuídas uniformemente, mas sim em determinados tipos de rochas e em concentrações locais, relativa ou absolutamente altas, sob as denominações de depósitos ou jazidas minerais. Essas concentrações são o produto de um certo número de eventos ocorrentes num determinado ambiente geológico e numa determinada época, com variações nos diferentes estágios geotectônicos da evolução crustal. Conseqüentemente, algumas áreas da crosta abrigam um número maior de depósitos minerais ou concentrações mais significativas de um certo elemento do que outras. Isso constitui-se num instrumento valioso na pesquisa de novos depósitos do mesmo tipo em cada uma dessas áreas, haja vista que o melhor local para se descobrir novas jazidas é próximo àquelas já descobertas (BRANCO, 1984). 


Nesse contexto, o Estado do Amapá, apesar de ainda ser pouco conhecido do ponto de vista geológico, desponta com uma vocação metalogenética altamente significativa, evidenciada pelas suas importantes jazidas de manganês de Serra do Navio (em fase de exaustão); de cromo na região do médio curso do rio Vila Nova (Bacuri); de ouro nas regiões do Lourenço (Salamangone e Yoshidome) e médio curso do rio Vila Nova (Vicente Sul e Santa Maria); de caulim na região do baixo curso do rio Jari (morro do Felipe), além de outros depósitos minerais menos expressivos, tais como os de cromo do igarapé do Breu; de ferro das regiões do Tracajatuba, da serra das Coambas (serra do Cupixi) no alto curso do rio Cupixi e de Santa Maria, no médio curso do rio Vila Nova; e de bauxita no sul do Estado (serra do Acapuzal) e na região de Igarapé do Lago; isso sem perder de vista os relevantes garimpos de ouro, cassiterita e tantalita-columbita, espalhados por vários sítios do Estado, enquadrados neste trabalho como ocorrências minerais. Além disso, levando- se em consideração que grande parte desse patrimônio mineral está alojado no ambiente geotectônico representado pelas Seqüências Metavulcanossedimentares tipo greenstone belt, pertencente ao Domínio de Crosta Antiga (Fig. 34); que esse tipo de ambiente, a nível mundial, constitui o principal depositário de elementos tais como ouro, prata, cromo, níquel, cobre, zinco, ferro e manganês; e que algumas das empresas de mineração atuantes no Estado, vêm desenvolvendo trabalhos de pesquisa (prospecção e exploração) mineral nessas seqüências, vislumbra-se grande perspectiva para a descoberta de novas jazidas minerais, principalmente de ouro. Portanto, essa visão sucinta sobre o potencial mineral do Estado, evidencia de forma clara o significado desse importante segmento produtivo para a sua economia (Quadro 22).




Fonte:

MACRODIAGNÓSTICO DO ESTADO DO AMAPÁ
PRIMEIRA APROXIMAÇÃO DO ZEE

COORDENADOR: Benedito Vitor Rabelo

AUTORES: Adalberto do Carmo Pinto, Alandy Patrícia do S. Cavalcante Simas, Antonio Tebaldi Tardin, Aristóteles Viana Fernandes, Benedito Vitor Rabelo, César Bernardo de Souza, Elenilza Maria P. Bentes Monteiro, Francinete da Silva Facundes, José Elias de Souza Ávila, Josiane S. Aguiar de Souza, Luiz Alberto Costa Guedes, Otizete A. de Alencar da Penha, Rosa Maria de Sousa Melo e Valdeci Marques Gibson

NORMALIZAÇÃO: Adelina do S. S. Belém

REVISÃO (VERSÃO EM PDF): Adalberto do C. Pinto/IEPA (Texto, Quadro e Figuras), Jamile da C. da Silva/IEPA (Referências) e Andréa Liliane P. da Silva/EMBRAPA-AP (Referências)

INSTITUIÇÕES COLABORADORAS: EMBRAPA/AP, IBGE/DIPEQ/AP, INPE e UFRJ/LAGET

CONTRIBUIÇÃO: Socorro de Jesus C. de Oliveira, Ulene C. da Silva

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA: Amapaz Projetos Sustentáveis LTDA



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