sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Os conflitos alimentados pela disputa por petróleo no mundo

Disputa por óleo voltou a atrair atenção mundial após derrubada de caça russo pela Turquia
A disputa por petróleo voltou ao centro das atenções mundiais depois que a Rússia acusou a Turquia de derrubar um avião russo para supostamente proteger suprimentos que vem adquirindo do grupo extremista autodenominado "Estado Islâmico".
Mas não é a primeira vez que a matéria-prima ─ bem como outros combustíveis fósseis ─ está na origem de conflitos ao redor do mundo.
Confira abaixo alguns deles.

Síria e Iraque 2011 – presente

O petróleo é uma das peças centrais no conflito envolvendo o grupo autodenominado "Estado Islâmico" no Iraque e na Síria.
Vender a matéria-prima é uma fonte de recursos importante para os extremistas, algo estimado em US$ 2 milhões (R$ 7,5 milhões) por dia.
Rússia vem realizando ataques contra alvos do "EI" no Iraque e na Síria
O "Estado Islâmico" controla a maioria das regiões produtoras de petróleo na Síria e também capturou campos de petróleo em Mossul (norte do Iraque) na medida em que foi expandindo seus domínios.
O petróleo é vendido a vários compradores, incluindo o próprio governo sírio, e a intermediários que, por sua vez, vendem a matéria-prima na fronteira com a Turquia.
É esse comércio que a Rússia acusa a Turquia de querer proteger quando derrubou o caça Sukhoi 24. A Turquia, por sua vez, nega comprar petróleo do "Estado Islâmico".

Invasão do Iraque

Iraque possui 5ª maior reserva de petróleo do mundo
Em 2002, o vice-primeiro-ministro do Iraque, Tariq Aziz, disse que as ameaças de ação militar contra o país envolviam o petróleo, uma percepção comum no mundo árabe naquele momento.
O Iraque possui grandes reservas, e muitos especialistas afirmam que a matéria-prima foi certamente um fator importante, senão a principal razão, para a escalada de violência no país.
Em 2002, a revista britânica The Economist escreveu que, embora a alegação para a invasão do Iraque tenham sido as supostas armas de destruição em massa detidas pelo então regime do de Saddam Hussein, a abertura das enormes reservas de petróleo do país ao capital estrangeiro também teria motivado a ofensiva americana.
Outro fator, segundo a publicação, seria a suspeita de que Saddam também usava a renda obtida por meio da venda do óleo para financiar a expansão de sua influência estratégica na região.
O então vice-presidente americano Dick Cheney, alertando sobre as ambições do Iraque, disse em agosto de 2002: "Saddam Hussein busca dominar o Oriente Médio inteiro e tomar controle de uma grande parcela dos suprimentos de energia do mundo".

1ª Guerra do Golfo

1ª Guerra do Golfo teve início após invasão do Kuwait pelo Iraque
"Não ao sangue por petróleo" foi um slogan antiguerra comum nos meses que antecederam o conflito, em 1991.
Mas o papel da matéria-prima na 1ª Guerra do Golfo foi inegável.
O conflito teve origem após a invasão do Kuwait pelo Iraque. Saddam considerava o pequeno país do Golfo Pérsico, rico em petróleo, uma província iraquiana.
A intervenção liderada pelos Estados Unidos foi em grande parte motivada pela necessidade de assegurar o petróleo do Kuwait e também impedir que Saddam expandisse seu controle sobre a matéria-prima.

Golpe de Estado no Irã (1953)

Mohammed Mossadegh
O petróleo também teve papel importante no golpe de Estado de 1953 no Irã ─ organizado pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido.
Os dois países tentaram derrubar um primeiro-ministro eleito, Mohammed Mossadegh, e substitui-lo por Mohammad Reza Pahlavi, cujo reinado terminou quando fundamentalistas iranianos chegaram ao poder, em 1979.
O principal "erro" de Mossadegh foi ter nacionalizado a companhia de petróleo anglo-iraniana, precursora da British Petroleum (hoje BP) e controlada à época pelo governo britânico.

2ª Guerra Mundial

Invasão alemã ao Azerbaijão
A 2ª Guerra Mundial é normalmente considerada uma guerra contra o nazifascismo, mas o petróleo exerceu forte influência no conflito.
O ataque japonês a Pearl Harbor tem origem, pelo menos em parte, na decisão dos Estados Unidos de limitar as exportações de petróleo para o Japão em 1941, em resposta à invasão japonesa da China.
O Japão dependia quase totalmente de petróleo importado, principalmente dos Estados Unidos, e precisava da matéria-prima para a sua frota naval.
Já na Europa, o Azerbaijão, país rico em petróleo e então parte da União Soviética, era um dos alvos da incursão alemã rumo ao leste, em 1941.
Foi por causa dessa ofensiva que os alemães acabaram cercados e derrotados em Stalingrado, um divisor de águas na guerra.
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151203_conflitos_mundiais_petroleo_lgb_gch

Nenhum comentário:

Postar um comentário